domingo, 29 de julho de 2018

Introdução - China

CHINA















Aproximação ao tema

No século XXI a China é uma identidade de 1,4 bilhão de pessoas (2017).

“Os chineses” é uma expressão que se refere a 20% da humanidade ou sete vezes o número de habitantes do Brasil.

Nem todos eles são chineses no sentido estrito da palavra. No território que o mundo chama de China também vivem tibetanos, mongóis, muçulmanos uigures, yaos, miaos, em um total de 55 grupos que se enquadram na classificação de “minorias étnicas” utilizada pelo governo de Pequim.

Durante a dinastia Han (206 AC - 220 DC), na China a população era de 55 milhões; em 1850 chegou a 400 milhões e na transição dinastias Ming (1368-1644) e Qing (1644-1912)  a população do Império havia diminuído para aproximadamente 100 milhões.

Com as principais invenções chinesas: papel, pólvora, leme de navegação, estribo, bússola, etc. os chineses contribuíram muito para o desenvolvimento do conhecimento no mundo todo.

A China chegou ao século XXI como um país ainda majoritariamente agrícola. Apesar da transformação vertiginosa empreendida a partir do fim dos anos 1970, nada menos que 55% da população chinesa morava na zona rural em 2007 e estava submetida a um estilo de vida cada vez mais distante do desfrutado pelos habitantes das cidades.

A China que existiu durante dois mil anos sob um regime imperial regido por normas relativamente estáveis, enfrentou no século XX uma sucessão de revoluções e reveses sem paralelo na história. Os valores que orientaram a vida dos chineses durante milênios começaram a ruir no século XIX e foram colocados em xeque com o fim do Império, em 1911.

A Nova República foi para os chineses um período de desagregação, humilhação e guerra civil, no qual o país esteve prestes a se esfacelar.

A Revolução Comunista de 1949 trouxe a promessa da unificação e do fim da pobreza que assolava a maioria esmagadora da população. Mas novas revoluções vieram dentro da Revolução.

Experimentos maoístas como o Grande Salto Adiante (1958-1962) mataram milhões de pessoas de fome, e a insanidade da Revolução Cultural (1966-1976) esgarçou/rasgou o tecido social e familiar ao máximo.

Desde 1978, os chineses vivem uma nova transformação radical, que trocou o igualitarismo comunista pela busca do enriquecimento sem nenhum pudor.

O país abandonou o isolamento que o caracterizou durante trinta anos e abraçou a globalização com entusiasmo. Chineses que hoje têm 60 anos nasceram na véspera da Revolução Comunista, chegaram à vida adulta durante a Revolução Cultural e tinham pouco mais de 30 anos quando o país embarcou nas reformas que levaram à implantação da economia de mercado.

A mulher chinesa que corria o risco de praticar um desvio pequeno-burguês se usasse batom na Revolução Cultural hoje lê sobre concursos de miss no Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista, consome revistas estampadas com modelos e celebridades e assiste a uma explosão das indústrias de cosméticos e cirurgias plásticas.

O país que era o reino das bicicletas até o fim dos anos 1990 hoje é o segundo maior mercado automobilístico do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com oito milhões de carros vendidos em 2007, e a promessa de assumir o primeiro lugar do ranking em 2009. As mulheres que amarraram os pés e foram tratadas como acessórios durante séculos hoje são empresárias, cada vez mais fazem sexo antes do casamento e começam a abordar homens de uma maneira que seria inimaginável para suas mães. Ao mesmo tempo, o novo-riquismo reabilitou práticas que haviam sido extintas com a Revolução Comunista, como o concubinato. A instituição continua formalmente proibida, mas a possibilidade de ter várias amantes fora do casamento se transformou em um símbolo de status para os homens.

Os chineses que tentaram se manter isolados no fim do Império e ficaram enclausurados durante os quase trinta anos de governo maoísta hoje viajam o mundo com voracidade crescente. O povo que mal tinha telefone fixo no fim dos anos 1980 chegou a 2009 com 640 milhões de celulares e uma população de trezentos milhões de internautas – em ambos os casos, os maiores números do mundo.

Os chineses sofreram uma sucessão de situações na sua recente história: Império, República, guerra civil, comunismo e economia de mercado em menos de um século.

A Rota da Seda na China - Introdução

Estas Notas de Viagem são a compilação de dados, descrições e impressões e pretendem apresentar as informações básicas que preciso saber como preparação para a viagem que, com mais cinco amigos, faremos em setembro de 2018, tentando acompanhar a Rota da Seda na China percorrida pelo mercador veneziano Marco Polo.

No planejamento da viagem partimos de uma forma um pouco diferente:  sem quase nenhum conhecimento sobre a China nem sobre a Rota da Seda e o viageiro Marco Polo, como ponto de partida, contatamos uma agencia de viagem chinesa para montar um pacote de uma viagem sobre a Rota da Seda, mas sem maiores detalhes.

A primeira decisão a ser tomada foi escolher uma das três alternativas: “A Rota da Seda na Ásia Central”, “A Rota da Seda na China”, e “O Transiberiano”.

Depois de algumas avaliações, pesquisas e orientações dos nossos agentes de viagem decidimos pela segunda alternativa, a “Rota da Seda na China”, com extensão para Shanghai, Hong Kong e Macau.

Nestas Notas abordamos os seguintes aspectos:

a) Informações gerais sobre a China;
b) Informações gerais sobre a Rota da Seda e sobre Marco Polo e sua empreitada.
c) Itinerário e informações sobre a viagem programada
d) E finalmente, o diário da viagem.



A ROTA DA SEDA

Aproximação ao tema

A Rota da Seda nunca existiu, não certamente no singular. Deu-se esse nome ao que na realidade era uma teia de itinerários terrestres, ligando comercialmente a China e a Europa. Essa rede, a maior rede comercial do Mundo Antigo, começou a desenhar-se com a invasão da Ásia Central por Alexandre O Grande e manteve-se ativa até à descoberta do Caminho Marítimo para a Índia.

Estas rotas não só foram significativas para o desenvolvimento e florescimento de grandes civilizações, como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a Índia e até Roma, mas também ajudaram a fundamentar o início do mundo moderno.

Utilizada desde a antiguidade, a Rota da Seda foi unindo já desde o século I da nossa era as cidades costeiras do Meio Oriente com o longínquo e quase fabuloso império chinês.

São mais de dois mil anos de história em torno desta mítica via comercial que se estende por desertos, cordilheiras e estepes marcados por estações que o viajante avistava com alivio, assim como por cidades magnificas, como Damasco, Bagdá o Samarcanda.

Dinheiro e ganância, estalagens, navios, mercancias preciosas e exóticas desde a seda, que acabou dando-lhe o nome à Rota, a especiarias, madeiras, marfim, conchas de tartarugas e chifres de rinocerontes são só alguns dos motores que criaram a legenda da extensa rede de caminhos cheios de perigos e incomodidades que a conformam.

A Rota da Seda transporta-nos numa viagem fascinante ao longo de vários milênios de história, onde se destacam os países produtores de seda, a rota das caravanas, os povos negociantes, as permutas religiosas, as influências mútuas entre o Ocidente e o Oriente, a espionagem, as viagens de Marco Polo, entre muitos outros assuntos.

A Rota da Seda são quatro palavras mágicas que fazem sonhar com as caravanas que ligavam a China e a Europa, pelos desertos da Ásia Central, carregadas de riquezas exóticas. Custa entender como os Gregos e os Romanos teriam encontrado essas regiões longínquas e perigosas, e o que saberiam os Chineses sobre o mundo europeu e como conseguiram, durante séculos a fio, guardar o segredo do fabrico da seda.

A Rota da Seda atingiu até mesmo o Império Romano, interessado nos tecidos, trocando mercadorias com a China, e formava a maior rede comercial do Mundo Antigo.

Marcada hoje pelo petróleo e pelo ópio, a Rota da Seda enriqueceu ao longo dos séculos não só as fortunas dos mercadores, mas também o espírito dos viajantes que percorriam os caminhos, assim como as numerosas e diferentes culturas que atravessavam.